sábado, 19 de abril de 2014

Mais Médicos atinge meta e leva 119 médicos para o Amapá

 Estado contará com mais 19 profissionais a partir desta semana. Com isso, a iniciativa passa a beneficiar 410 mil amapaenses. Mais de 3.500 médicos começam suas atividades no país

O Programa Mais Médicos leva mais 19 profissionais para reforçar o atendimento em atenção básica no Amapá. Com a chegada deste novo grupo, o estado passa a ter 100% da sua demanda atendida pela iniciativa do governo federal, o equivalente a 119 médicos. A atuação desses profissionais impacta na assistência de 410 mil pessoas.

Em todo o país, mais de 3.500 médicos começam suas atividades nos municípios a partir desta semana. Deste total, 238 estão alocados na região Norte. 

Eles foram aprovados no módulo de avaliação do programa, etapa obrigatória para que recebam o registro profissional provisório e iniciem o atendimento à população. O reforço desse grupo garante o cumprimento da meta estabelecida pelo governo federal de levar 13.235 médicos para a atenção básica, especialmente às regiões mais vulneráveis. Com isso, 100% das vagas apontadas pelos municípios que inicialmente aderiram ao Programa passam a ser atendidas.

"Com esse programa, estamos conseguindo prestar atendimento a uma quantidade muito maior de pessoas, com maior qualidade, tratar o povo com dignidade e com mais respeito. A grande maioria dos brasileiros que estamos atendendo nunca teve contato com uma equipe de saúde da família completa", ressalta o ministro Arthur Chioro.

Mais de 75% dos 13.235 médicos estão alocados em regiões como o semiárido nordestino, periferia de grandes centros, municípios com IDHM baixo ou muito baixo e regiões com população quilombola, entre outros critérios de vulnerabilidade. Em relação à distribuição por região, o Sudeste e o Nordeste concentram o maior número de profissionais, com 4.170 e 4.147 médicos respectivamente. O Sul conta com 2.261, seguido do Norte (1.764) e do Centro-Oeste (893). Outros 305 médicos estão atuando em distritos indígenas.

Desde o início do programa, a presença dos profissionais que estão em atuação em todo o país já traz resultados positivos na assistência à população. Um levantamento do Ministério da Saúde feito em municípios que receberam profissionais do Mais Médicos mostrou que, em novembro de 2013, houve um crescimento de 27,3% no atendimento a pessoas com hipertensão em comparação com o mês de junho do mesmo ano, antes da chegada dos profissionais.

Houve aumento ainda, neste mesmo período, de 14,4% na assistência a pessoas com diabetes, de 13,2% no número de pacientes em acompanhamento e de 10,3% no agendamento de consultas. Nas cidades que contavam com médicos do programa foram realizadas 2,28 milhões de consultas em novembro, 7% mais que o total registrado em junho. O levantamento foi feito em 688 municípios onde atuavam 1.592 médicos.

NOVA OPORTUNIDADE

Com o quinto ciclo, anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 1º de abril, o Programa Mais Médicos deverá ultrapassar a marca de 14 mil médicos para a atenção básica de todo o país, superando a meta estabelecida pelo governo federal. Com a atuação desses profissionais, a iniciativa, que já impacta na assistência de 45,6 milhões de pessoas, passa a beneficiar 49 milhões de brasileiros.

A ampliação do número de médicos foi possível a partir da adesão nesta nova etapa, direcionada aos municípios mais vulneráveis do País e que ainda apresentavam equipes de saúde da família sem médicos. Com isso, mais vagas serão preenchidas com médicos do Programa, além dos mais de 13 mil profissionais que já estão participando.

"O governo federal está indo além: superamos 100% da meta com os mais de 13 mil médicos e compreendemos que alguns municípios, muitos deles em situação de vulnerabilidade, ainda poderiam receber médicos. Por isso, abrimos excepcionalmente o quinto e ultimo ciclo, o que possibilitou que mais municípios pudessem participar do programa e receber mais médicos", destaca o ministro Chioro.

Ainda está em andamento a seleção de médicos para participação no quinto ciclo, mas a previsão é que em junho eles já estejam em atividade nos municípios. Como nas demais etapas do Programa, têm prioridade nas vagas os médicos formados no Brasil, seguidos dos brasileiros com diplomas do exterior e dos estrangeiros. As vagas ociosas serão completadas por médicos da cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde.

Entre os critérios de vulnerabilidade utilizados para pré-selecionar os municípios do quinto ciclo estão ter 20% ou mais da população em situação de extrema pobreza; ter IDHM baixo e muito baixo; com comunidades quilombolas ou assentamentos rurais; e as regiões dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Ribeira; do Semiárido; e as periferias de grandes cidades.

"Com esse reforço, concentrado naquelas cidades de IDH baixo ou muito baixo, vamos chegar a mais de 14 mil médicos. Mais do que profissionais, teremos 14 mil equipes de atenção básica completas, atendendo 49 milhões de brasileiros que não tinham acesso a esse atendimento tão fundamental", explica o ministro.

O PROGRAMA

Lançado em julho de 2013 pela presidenta Dilma Rousseff, o Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com o objetivo de aperfeiçoar a formação de médicos na Atenção Básica, ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país e acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde.

Os profissionais do programa cursam especialização em atenção básica, com acompanhamento de tutores e supervisores. Para participar da iniciativa, eles recebem bolsa formação de R$ 10,4 mil por mês e ajuda de custo pagos pelo Ministério da Saúde. Em contrapartida, os municípios ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia aos participantes.

Além da ampliação imediata da assistência em atenção básica, o Mais Médicos prevê ações estruturantes voltadas à expansão e descentralização da formação médica no Brasil. Até 2018, serão criadas 11,4 mil novas vagas de graduação em Medicina e mais de 12 mil novas vagas de residência médica.

MZ Portal

Irregularidades: Alap afunda em denúncias

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Em quatro anos da gestão dos deputados Moisés Souza (PSC) e Edinho Duarte (PP), como presidente e primeiro secretário da Assembléia Legislativa do Estado, respectivamente, a chamada “casa do povo” afunda cada vez mais em denúncias de desvio de recursos públicos, corrupção, formação de quadrilha, utilização de empresas fantasmas,contratos irregulares e uma série de outras irregularidades

Somente durante os primeiros 15 dias de abril duas ações partindo do Ministério Público Estadual (MPE) e uma decisão da Justiça Estadual revelaram novos escândalos envolvendo aquele poder.
No dia 2 de abril o MPE, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do  

Patrimônio Cultural e Público, deu entrada em 19 ações de improbidade administrativa por enriquecimento ilícito contra os deputados estaduais. Essas ações complementam outras quatro, propostas em abril de 2012, contra os deputados Moisés Souza, Edinho Duarte, Junior Favacho e Michel JK.


As ações questionam os valores das diárias que eram de R$ 2.605,46 (viagens intermunicipais), R$ 3.607,56 (viagens interestaduais) e R$ 4.409,24 (viagens internacionais), porém depois do ingresso das primeiras ações, em abril de 2012, esses valores foram reduzidos para R$ 1.703,57 (viagens intermunicipais), R$ 2.405,04 (viagens interestaduais), ficando inalterado o valor para viagens internacionais.


Seis dias depois, ou seja, em 8 de abril o Ministério Público ingressou com mais uma denúncia contra o presidente Moisés Souza, o primeiro secretário, Edinho Duarte, e mais oito pessoas, dentre servidores da Casa de Leis e a proprietária da empresa D. Amanajás de Almeida – ME, que funciona com o nome de fantasia “Planet Paper”.


Desta vez, segundo apurou a investigação do MPE o prejuízo aos cofres públicos superou o montante de R$ 600 mil, por meio do pagamento de materiais de expediente e serviços de digitação, encadernação, fotocópia e plastificação de documentos que jamais foram entregues ou fornecidos.


O fato mais recente ocorreu dia 14 quando A juíza Alaíde Maria de Paula, da 4ª Vara Cível e de Fazenda Pública de Macapá, acolheu o pedido de liminar feito pelo MPE e decretou a “indisponibilidade de bens” em desfavor de vinte e um dos vinte e quatro deputados estaduais, além de servidores da Assembleia e a Fundação Marco Zero. O objeto da ação é provar a existência de atos de improbidade administrativa praticados na execução do Programa Legislativo Cidadão, sem a prévia licitação.


O valor total de transferência dos cofres públicos para a Fundação Marco Zero foi de R$ 2.788.560,08 milhões. Valor fixado pelo Poder Judiciário para ressarcimento pelos envolvidos.


Histórico


Eleitos em 2011 em uma eleição até hoje mal explicada, com apenas 9 votos dos 24 deputados que compõe a casa, Moisés e Edinho imediatamente anteciparam o pleito seguinte um ano antes da data para a nova eleição. Os dois foram reeleitos para o segundo mandato com o apoio de 19 parlamentares. Apenas Cristina Almeida e Agnaldo Balieiro (PSB) e  Marília Góes (PDT) decidiram não votar. 


Em junho de 2012, logo após a realização da Operação Eclésia pelo MPE, a justiça decretou o afastamento de Moisés do cargo de presidente e Edinho como 1º secretário da mesa diretora da Assembléia. Antes mesmo de encerrar o primeiro mandato na mesa diretora, os dois foram denunciados por formação de quadrilha, fraude em licitação, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.


Ambos ficaram impedidos de exercer quaisquer atos inerentes aos referidos cargos até janeiro de 2014 quando retornaram, mesmo respondendo a cerca de 20 denúncias ajuizadas pelo MPE, quase todas relacionadas aos mesmos crimes que motivaram o afastamento em 2012. De acordo com o Ministério Público a soma dos recursos supostamente desviados soma mais de R$ 30 milhões.  


As denúncias que até recentemente se limitavam ao presidente e ao 1º secretário avançam também sobre outros membros da Casa e afunda cada vez mais o legislativo amapaense na maior crise de desmoralização da história do referido poder. 

247 Amapá





Feriadão: Operação Lei Seca será intensificada

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O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AP), via Operação Lei Seca, intensifica, na Semana Santa (período de 17 a 20), as ações educativas e repressivas nas vias urbanas de Macapá e Santana e nas rodovias do Amapá; De acordo com o Detran o objetivo da ação, prioritariamente na Semana Santa, é celebrar a Páscoa com um trânsito seguro

Segundo coordenador da Operação Lei Seca, Uesclei Costa, durante a operação os condutores são orientados nas abordagens, priorizando medidas simples. "Não se deve dirigir sem o uso dos cintos de segurança, nem atender ao telefone ao mesmo tempo em que se dirige, além de orientar os moto-táxis a baixar as viseiras, reduzir a velocidade em perímetros urbanos e respeitar a faixa de pedestre", explicou.

Em seis meses de execução as operações desencadeadas no trânsito,  têm resultado positivo com redução de 69,48% das mortes, conforme informações do relatório do Observatório de Trânsito, que reúne instituições de segurança e saúde do Amapá.

A Operação Lei Seca ocorre com apoio do Detran, da Polícia Rodoviária Federal, das polícias Militar e Civil, do Batalhão de Trânsito e da Companhia de Trânsito de Macapá, que trabalham integradas nas ruas e avenidas de Macapá e Santana.

"A atuação da Polícia Rodoviária Federal ocorre nas rodovias, inclusive com a continuação, nesta semana, da Operação Rodovida, quando os policiais buscam abordar condutores que dirigem em alta velocidade e podem causar acidentes graves nos perímetros próximos aos municípios como Porto Grande, Calçoene e Oiapoque", ressaltou Aldo Balieiro, superintendente da Polícia Rodoviária Federal.




247 Amapá

Policiais civis presos: ribeirinhos relatam momentos de terror

Policiais civis presos: ribeirinhos relatam momentos de terror
 Os três policiais civis acusados de assaltar famílias ribeirinhas do município de Chaves (PA) foram reconhecidos oficialmente nesta sexta-feira, 18, por suas vítimas no Ciosp do Pacoval. Ao todo 14 pessoas deram queixa contra os acusados, e relataram momentos terríveis vividos nas mãos dos policiais.
Insígnia de um dos policiais
Insígnia de um dos policiais

Estão presos os policiais Douglas Volnei de Oliveira, Weslei Macedo do Leite e Rosilei de Freitas Maués, além de Paulo Sena de Guedes, Paulo Roberto Letra de Freitas, Dorivaldo Pantoja Borges, Luiz Antonio dos Santos Lima e Gilvandro de Jesus Teixeira Soares.
Com a mãe esquerda no peito, um dos policias civis presos.
Com a mão esquerda no peito, um dos policias civis presos.

Os assaltos estavam sendo praticados na localidade de Aranaguara Grande, uma comunidade marajoara que vive da captura de camarão. A principal sala de espera do Ciops do Pacoval, para onde os acusados foram levados depois de passarem a noite no Ciosp do Congós, ficou lotada de vítimas. Alguns relataram espancamentos, ameaças, cárcere privado.

Outros conseguiram fugir e passaram a noite no meio do mato com medo que os bandidos voltassem. “Chegaram umas oito horas da noite e já foram entrando, pegaram o meu esposo e levaram ele lá pra baixo onde ficam os catraios (barcos de ribeirinhos). Bateram muito nele, até ele dizer onde estava no nosso dinheiro, R$ 2,5 mil”, contou a pescadora Sebastiana Furtado.

Com tatuagem nas costas outro policial civil do Pará
Com tatuagem nas costas outro policial civil do Pará
Pescadora de camarão Sebastiana Fortunato: "Bateram no meu marido"
Pescadora de camarão Sebastiana Fortunato: “Bateram no meu marido”

Uma fonte da Sejusp que acompanhou os depoimentos relatou que os policiais na verdade tinham como alvo um barco de contrabando vindo do Suriname. E como o barco acabou não aparecendo começaram a fazer os assaltos. Todo o material bélico apreendido é da Polícia Civil do Pará, incluindo a lancha que transportava o grupo.
Um das três pistolas apreendidas. No detalhe a sigla PC-PA (Polícia Civil do Pará)
Uma das três pistolas apreendidas. No detalhe a sigla PC-PA (Polícia Civil do Pará)

A corregedora da Polícia Civil, delegada Dinita Costa, que veio acompanhar o caso não quis dar informações sobre o caso. O Sindicato dos Policiais Civis do Pará pediu ao sindicato amapaense que acompanhe o caso.

By Redação

Faltam interesse e vontade política de assumir a questão indígena, diz Cimi

Papa Francisco e dom Erwin KrautlerBispo do Xingu, na Amazônia, desde 1981, e em seu segundo mandato como presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Krautler acredita que os povos indígenas não têm o que comemorar neste dia 19, Dia do Índio. Para ele, a situação desses povos tradicionais piorou nos últimos anos, tanto pela demora na demarcação de terras indígenas, o que favorece os conflitos fundiários e a violência, quanto pela falta de atenção governamental a direitos como saúde e educação.

Crítico de megaempreendimentos na Amazônia, como a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, dom Erwin, que também é secretário da Comissão Episcopal para a Amazônia, foi recebido pelo papa Francisco no Vaticano, no último dia 4. Na ocasião, o bispo denunciou os problemas enfrentados pelos povos indígenas, ribeirinhos e pelas comunidades amazônidas.

“Vivo na Amazônia há quase 50 anos. Sou uma testemunha qualificada para falar sobre esses assuntos. E, como bispo, tenho o direito e a obrigação de chamar a atenção sempre que os direitos humanos forem violados”, disse o austríaco, que tem cidadania brasileira há 23 anos, em entrevista exclusiva à  

Agência Brasil.
Confira abaixo os trechos mais importantes da entrevista.
Agência Brasil: Quais foram os principais assuntos que o senhor tratou com o papa Francisco?
 
Dom Erwin Krautler: Conversamos sobre as comunidades da prelazia do Xingu, que não recebem a eucaristia porque contamos com apenas 27 padres para atender a cerca de 800 comunidades. O papa pediu que apresentássemos propostas para solucionarmos esse problema que afeta cerca de 70% das comunidades da Amazônia onde não há celebração eucarística. Também conversamos sobre a questão ecológica.

Agência Brasil: E sobre a questão indígena em particular? O que os senhores conversaram?
 
Dom Erwin: Falamos da questão indígena como um todo, mas também da situação de alguns povos em particular, como os guaranis-kaiowás, de Mato Grosso do Sul, que vivem encurralados em um espaço diminuto, o que lhes causa muito sofrimento. Citei a situação dos povos do Vale do Javari, no 

Amazonas, onde os índios são acometidos por doenças como a hepatite, e o governo, a meu ver, pouco faz. Falei dos grupos de índios isolados que, oficialmente, não existem. Para lembrá-lo do carinho que os povos indígenas sentem por ele, lembrei o papa de sua vinda ao Rio de Janeiro, em 2013. E disse-lhe que os índios do Brasil contam com sua ajuda, que esperam que ele apele ao governo brasileiro para que demarque as terras indígenas.

Agência Brasil: O senhor é um conhecido crítico de megaempreendimentos e costuma acusar o governo e alguns parlamentares de se unirem a grupos de interesses econômicos. Ao falar dos problemas que afetam os povos indígenas, que aspectos o senhor citou ao papa?
 
Dom Erwin: Logicamente, me referi à construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Uma obra que afeta não apenas os índios da região e que, do jeito como está sendo executada, levou à cidade de Altamira o caos em termos de saúde, de educação, de transporte, de segurança pública. A Justiça Federal acaba de determinar que a empresa responsável, a Norte Energia, cumpra as condicionantes que deveriam ter sido cumpridas antes do início das obras e que não vêm sendo observadas. 

Isso é positivo, mas as medidas judiciais, infelizmente, estão chegando tarde. Há comunidades indígenas que, de certa forma, já foram desmanteladas e só agora algumas autoridades parecem descobrir a anormalidade da situação. Basta ver o crescimento da população de Altamira. 

A cidade não se preparou para isso. Às vezes, sentimos como se Belo Monte fosse um rolo compressor passando sobre nós, mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) tenha prometido que esse projeto não seria empurrado goela abaixo de ninguém, o que acabou acontecendo.

Agência Brasil: O senhor criticou o governo brasileiro ao papa?
 
Dom Erwin: Disse a ele que o governo e o Congresso Nacional tomam iniciativas contrárias aos interesses dos povos indígenas. Medidas, a meu ver, inconstitucionais. Não houve tempo para que eu entrasse em pormenores, mas eu disse que o governo não luta pela causa indígena. E que o Congresso Nacional tem desrespeitado os direitos indígenas por meio de várias iniciativas que contrariam esses direitos, como a propostas de emenda à Constituição, a PEC 230, que quer transferir do Poder Executivo para o Legislativo a prerrogativa do governo federal de demarcar terras indígenas.

Agência Brasil: Em que medida a demora na identificação, demarcação e homologação das terras indígenas prejudica os povos indígenas e contribui para o acirramento da tensão no campo?
 
Dom Erwin: Ao ser promulgada, em 1989, a Constituição Federal estabeleceu um prazo de cinco anos para que todas as terras indígenas fossem demarcadas. 

Ou seja, até 1993 todas as terras identificadas como territórios tradicionais indígenas deveriam estar identificadas e homologadas. Passados 21 anos do fim desse prazo, pouco mais de 44% foram realmente demarcadas. Em 2013 não houve nenhuma demarcação. 

Dessa forma, essas terras ficam escancaradas para todo o tipo de invasor. É bom que se diga que demarcar novas reservas indígenas não significa criar enclaves, mas sim reconhecer que, no interior do território nacional, há áreas pertencentes à União destinadas ao usufruto dos povos que as habitam desde tempos imemoriais.

Agência Brasil: Como o papa reagiu ao seu relato e a suas críticas ao Estado brasileiro?
 
Dom Erwin: Ele não entrou em detalhes nem se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas me ouviu atenciosamente e manifestou seu apoio à causa indígena.

Agência Brasil: O senhor presidiu o Cimi entre 1983 e 1991 e, agora (2007- 2015), cumpre seu segundo mandato à frente do órgão. Comparando esses dois períodos, quais as principais mudanças em relação à situação dos povos indígenas?
 
Dom Erwin: No final da década de 1980, a principal luta era em torno da Constituição Federal, o empenho necessário para inscrevermos no texto constitucional os direitos dos povos indígenas. Naquele momento, cantamos vitória, pois houve vários avanços, como o fato de os índios terem deixado de ser tutelados pelo Estado e se tornarem cidadãos brasileiros de fato, com direito a suas terras, suas expressões culturais. Agora, estamos lutando para impedir o avanço de iniciativas prejudiciais aos povos indígenas.

Agência Brasil: Mas a situação, hoje, está melhor ou pior?
 
Dom Erwin: Eu penso que a situação dos povos indígenas piorou nos últimos anos, sobretudo de 2003 para cá. Exatamente pela falta de empenho do governo em favor das demarcações e da saúde indígena. Faltam interesse e vontade política de assumir a questão indígena como uma causa importante na defesa dos direitos humanos.

Agência Brasil: Há o que se comemorar neste dia 19, Dia do Índio?
 
Dom Erwin: Eu preferiria falar em Dia dos Povos Indígenas. Não se trata de uma data para festejar, mas sim para sensibilizar e conscientizar a sociedade a respeito dos direitos desses povos. Em nosso atual sistema, o índio é considerado um obstáculo ao chamado progresso, entendido apenas do ponto de vista da taxa de crescimento econômico. Se entendermos desenvolvimento como melhoria da qualidade de vida para todo o povo brasileiro, os índios não só têm seu lugar, como sua sabedoria milenar é uma riqueza para o país.

Agência Brasil: A demora na demarcação das terras indígenas acirra uma disputa que, muitas vezes, envolve famílias de pequenos produtores rurais, gente assentada pelo próprio governo em terras hoje reivindicadas como territórios tradicionais. Entre essas pessoas há católicos que criticam o fato de a Igreja, por meio do Cimi, defender os interesses indígenas em detrimento dos de pequenos produtores e trabalhadores rurais. Como o senhor responde a essas críticas?
 
Dom Erwin: Eu não aceito dizerem que defendemos apenas os povos indígenas, sobretudo contra pequenos agricultores. Essa equação não funciona. O que dizemos é que se foi o governo que assentou famílias de colonos em áreas indígenas, é o governo que tem que resolver o impasse criado por ele mesmo. Não defendo e não aceito que se arranque de uma área indígena, com o uso de força policial e sem a devida reparação, uma família assentada pelo governo. 

Em casos assim, o governo tem que disponibilizar a essa família uma área equivalente à que ela ocupa e indenizá-la não só pelas benfeitorias feitas na terra, mas também por todo o suor derramado em dezenas de anos de trabalho. Agora, se alguém invadiu uma área sabendo se tratar de terra indígena, o tratamento deve ser outro.

Agência Brasil: O senhor deve deixar a prelazia ao completar 75 anos. Já está cuidando de sua sucessão?
 
Dom Erwin: Eu vou apresentar minha renúncia em 12 de julho deste ano, quando completo 75 anos. Isso não significa que deixarei a prelazia de um dia para o outro. Haverá o processo de escolha do meu sucessor, mas é possível que eu seja sucedido por três bispos, já que a regional da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] sugere que, pelo seu tamanho, a prelazia do Xingu seja desmembrada em três dioceses. Eu mesmo apresentarei à regional um projeto nesse sentido.

Agência Brasil: O senhor teme que, com sua renúncia, a luta em prol da Amazônia e dos povos indígenas e ribeirinhos pode ser prejudicada?
 
Dom Erwin: Não, não acredito. Pelo contrário. Eu talvez tenha até mais liberdade e tempo para me empenhar em favor dessa causa. Não tenho o poder que às vezes me atribuem. O que eu tenho é o direito e a obrigação de chamar a atenção sempre que os direitos humanos forem violados.

Agência Brasil: O país parece atravessar um momento preocupante, com um segmento da sociedade se manifestando contra a garantia dos direitos humanos já conquistados, grupos de justiceiros agindo à revelia da lei e casos de ofensas a índios e outras minorias. O que o senhor diria a essas pessoas já que, entre elas, há muitas que se identificam com os preceitos cristãos?
 
Dom Erwin: Quem apela para fazer justiça com as próprias mãos, defende esse tipo de coisa ou se opõe aos direitos humanos está se distanciando da Igreja, de sua fé e de sua moral. Ainda que saibamos que não devemos olhar apenas os fatos recentes, mas também procurarmos as raízes desse comportamento e que, ao fazer isso, cheguemos à conclusão de que a Justiça é muito lenta e que há muita impunidade, sempre lutamos a favor dos direitos humanos. Precisamos de vontade política, de políticas públicas, para frear esse tipo de coisa.

Agência Brasil

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Há gays não revelados no MMA, afirma Anderson Silva


 Quando o assunto é racismo, Anderson Silva costuma fazer como nos ringues: mais esquiva do que ataca. Mesmo assim, não escapou de passar por situações de preconceito ao longo da vida. Quais? ele conta a seguir. E fala também sobre aposentadoria, homossexualidade e de como ficou careca depois de tanto alisar o cabelo


Anderson Silva tinha 16, 17 anos, um currículo que incluía aulas de capoeira, tae kwon do, balé e sapateado, e fazia o melhor cover de Michael Jackson das festinhas black de Curitiba. Ele montou com os amigos um conjunto que imitava as coreografias dos grandes grupos de funk, soul e disco americanos; sua tia Edith costurava as roupas, todas iguaizinhas, com a indefectível calça meia canela acompanhada de meias brancas. Mas Anderson só saía de casa depois de um ritual sagrado: aplainar o cabelo crespo com generosas quantidades de creme Alisabel.


Problemas de autoimagem? Racismo às avessas? Imposição da sociedade de consumo? Desejo inconfesso de se tornar branco como seu ídolo Jackson? Anderson tem uma explicação mais singela: "Eu só queria poder jogar meu cabelo nas festinhas". 

O resultado foi desastroso: os cachos alisados à força foram substituídos por uma lustrosa careca – que, por ironia, acabou virando marca registrada. Até hoje há quem ache que o lutador raspa a cabeça para atemorizar adversários. A verdade é que Alisabel venceu Anderson por nocaute.

Para um garoto negro, pobre e que havia sido enviado de São Paulo pela desesperançada mãe, aos 4 anos, para ser criado por uma tia e sua família, não foi moleza crescer na pálida Curitiba. Anderson diz ter enfrentado inúmeros episódios de racismo durante a infância e a adolescência. Houve a vez em que um policial o abordou num ponto de ônibus, lhe deu um peteleco na cabeça e um soco no estômago – porque ele, único pele preta num grupo de amigos brancos ali reunidos, havia tido a desfaçatez de dizer que voltava de um shopping naquela longínqua era pré-rolezinho. E também a ocasião em que era atendente do McDonald's, e um cliente se recusou a ser atendido por um negro. E ainda a desconfiança de que o pai de uma namorada, por quem foi profundamente apaixonado, não apertava sua mão, não o recebia em casa e sabotou o relacionamento por causa de sua cor.


SÃO SEBASTIÃO DE BERMUDAS

Corta para um estúdio de São Paulo, março de 2014. Anderson posa calado e paciente para o fotógrafo Marcos Vilas Boas com seis flechas cortadas e coladas a seu corpo, com sangue falso escorrendo pela regata branca. 

A imagem produzida pela Trip homenageia a clássica capa da revista norte-americana Esquire de abril de 1968, em que o boxeador Muhammad Ali aparece em pose que remete ao martírio de São Sebastião, o militar que foi flechado por ordem do imperador Diocleciano por proteger cristãos.


Naquele momento, o martírio de Ali – célebre por sua luta pelos direitos civis dos negros e contra o racismo – era político: ele havia sido preso e destituído de seu título de boxe por se recusar a se alistar na guerra do Vietnã. 

Já o martírio de Anderson hoje é sobretudo físico: ele se recupera de uma delicada cirurgia depois da chocante fratura de sua tíbia e sua fíbula esquerdas durante o combate de dezembro passado contra Chris Wideman, em que perdeu a chance de reaver o cinturão dos pesos médios do UFC (Ultimate Fight Championship).

Embora seus estilos de boxeadores-bailarinos se assemelhem, Ali e Anderson são bastante distintos nos posicionamentos políticos. Ao contrário do americano, o brasileiro se recusa a levantar bandeiras quando o assunto é racismo. 

Seu discurso remete ao de outro grande atleta negro, Pelé – que, ao fazer seu milésimo gol em 1969, dedicou-o às criancinhas brasileiras, em frase que à época foi tachada de demagógica pelas patrulhas ideológicas. "Quando perguntam minha opinião, eu dou, mas prefiro evitar polêmicas", afirma Anderson. "Há outras coisas mais importantes em que a gente tem que focar, como as crianças do nosso país."


"Me arrependi de usar alisabel, perdi meu black power"

Depois de meia hora parado como um São Sebastião de bermudas brancas e bíceps inflados, Anderson pede pressa porque começa a sentir câimbras – ainda um efeito colateral da delicada cirurgia por que passou há três meses. Considerado por muitos o maior lutador da história do MMA (artes marciais mistas), prestes a completar 39 anos neste 14 de abril, ele dá nota 9 para a recuperação da sua perna, confirma que pretende voltar a lutar no ano que vem, mas ainda não sabe dizer quando e como pretende encerrar sua carreira. De certeza, apenas uma: na ativa ou aposentado, nunca mais veremos seus cabelos encaracolados. "Me arrependi de usar Alisabel, perdi meu black power".


Você acaba de refazer uma foto clássica do Muhammad Ali, que é um dos seus ídolos. Além de um grande boxeador, ele foi um cara que usou a fama para combater o racismo. Você às vezes sente vontade de fazer o mesmo aqui no Brasil? Quando sou abordado para falar sobre qualquer assunto político, seja racismo ou não, eu dou minha opinião. Mas prefiro me manter calado e evito polêmicas nesse sentido.


Por quê? Não acho legal. Não que não seja importante. Mas tem outras coisas mais importantes em que a gente tem que focar e gastar mais energia.

No esporte, na família? Na família. Nas crianças do nosso país. Hoje eu fui ao hospital do Graacc [Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer] e vi um monte de crianças que estão ali passando por milhões de dificuldades, muitas sem perspectiva de vida, mas lutando para ser felizes. Então eu prefiro focar nessas coisas. Serve para que a gente entenda que nossos problemas são tão pequenos perto do que algumas pessoas passam.


O jornalista Ali Kamel, da TV Globo, escreveu um livro chamado Não somos racistas. Você concorda com a afirmação do título? O Brasil não é racista? Eu não acredito que o Brasil seja um país racista. Nós temos casos isolados de racismo. O Brasil tem muita coisa pra melhorar em relação ao racismo, política, saúde, educação. Mas acredito que a gente tem chances de mudar. Só não podemos perdê-las.


Você se lembra da primeira vez em que foi tratado de forma diferente por causa da cor da sua pele? Houve várias situações. Mas eu nunca tive problema com isso porque lá em casa a gente sempre foi muito bem instruído pela minha tia Edith a lidar com essas situações.


Que tipo de coisa sua tia falava? Ela sempre reforçou que somos todos iguais, independentemente de ser negro, branco, amarelo, roxo, de ser rico, pobre. Quando você tem essa consciência, tem capacidade de lidar com certas situações. Por mais que elas acabem te deixando um pouco constrangido, por mais que elas te magoem, você aprende a lidar.


Mas você pode falar de alguma situação específica? Uma vez eu trabalhava como atendente em uma lanchonete, e um cliente perguntou: "Não tem ninguém para me atender?". Eu respondi: "Estou aqui para atendê-lo". Aí ele falou: "Eu não quero ser atendido por um negro". 

 Fui até meu gerente e falei que tinha um senhor que não queria ser atendido por mim. O gerente foi até o balcão, e o cliente falou: "Não quero ser atendido por um negro, isso é um absurdo". Aí o gerente respondeu: "Se você não for atendido por ele, você não vai ser atendido por mais ninguém aqui". Aí aquele senhor saiu da loja meio bravo.


"Nós estamos vivendo um momento em que não cabe racismo no mundo"


Hoje, olhando esse caso tantos anos depois, você acha que tomou a melhor atitude na situação ou acha que deveria ter processado essa pessoa? Caberia esse processo. Mas aí eu iria perder meu dia de trabalho, teria que ir até a delegacia e não daria em nada. Porque nossa lei, por mais que exista, é muito falha. Principalmente em relação a esse tipo de coisa. Na época, meu caso não teria nenhuma repercussão. Agora, sim. 

Mas antigamente eu era uma pessoa comum. Hoje em dia eu tenho uma vida um pouco mais restrita, tem alguns lugares aonde não vou, por causa do assédio. Nos últimos anos, não tenho passado por nenhum constrangimento desse tipo.


Você acha que a fama que conquistou nos últimos anos protege você do racismo ou você acaba sendo mais visado? Depende muito das situações. Quando se fala em racismo, a fama acaba me deixando mais visível e mais desprotegido em alguns sentidos. Mas depende muito da sua postura, da forma como você lida com isso.


Você agora mora em Los Angeles, mas passa muito tempo no Rio. Você acha que o racismo é mais grave no Brasil ou nos Estados Unidos? Racismo é ruim em qualquer canto do planeta. Nos Estados Unidos existe também, até muito mais que no Brasil. 

Eu nunca tive problema com racismo em Los Angeles. Acho que as coisas estão mudando, as pessoas estão aprendendo que todos são iguais perante Deus, independentemente de cor, de raça. Eu costumo dizer que o confronto é inevitável no homem, que a cor é só uma desculpa para desencadear essa loucura, essa falta de respeito que as pessoas têm umas com as outras. Eu sou muito bem resolvido com essa coisa de racismo. Nós estamos vivendo um momento em que não cabe racismo no mundo.


Houve alguns exemplos recentes muito duros de racismo envolvendo atletas. O jogador de futebol Tinga foi xingado no Peru, o Arouca foi ofendido no Brasil, jogaram bananas no carro de um juiz. Quando você lê notícias como essas, como se sente? É triste, é desagradável. Nós estamos numa era de evolução. Mas não adianta. 

São coisas que vão acontecer. Muitas vezes as pessoas nem sabem o que estão falando. No caso do juiz, elas estavam ali porque eram torcedores e queriam atingir o juiz de alguma maneira. Como ele era negro, foi a maneira que encontraram de hostilizá-lo. Se fosse outro juiz, japonês, branco, não ia sofrer a mesma coisa, mas ia sofrer algum tipo de vandalismo.


Quando você começou nas artes marciais lá em Curitiba, era um meio que... Que tem muito racismo...


Como foi sua entrada, um rapaz pobre e negro, nesse universo? Minha tia e meu tio me ensinaram a entrar e a sair dos lugares de cabeça erguida. Em todas as academias que eu frequentei, sempre fui muito bem recebido por ter a disciplina e a educação que adquiri na minha casa. Quando comecei a treinar tae kwon do, na academia tinha muito coreano e branco, eu era talvez o único negro. Eu limpava a academia e treinava de graça. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito dentro da academia. Sempre fui bem recebido, sempre fui respeitado. Tenho grandes amigos que fiz nas academias até hoje. Dentro do ambiente esportivo, você tem que aprender a conviver com diferentes opiniões, diferentes raças, classes sociais. É todo mundo igual.


Então no esporte você não sofreu racismo. Mas e nas ruas de Curitiba? Você sofreu muito com batidas policiais? Várias vezes. Teve outra situação em que sofri racismo. Eu estava voltando do treino com amigos, fui passear no shopping e estava no ponto de ônibus, de bermuda e chinelo, com uma mochila nas costas. Parou uma viatura de polícia. Um PM desceu e me abordou, perguntou de onde eu estava vindo. Eu respondi que vinha do shopping. "Como assim do shopping?", ele perguntou. Ele poderia ter feito isso com todos os outros meninos, mas fez só comigo. Eu era o único negro. Pensei: "Vou responder o que ele precisar e tá tudo certo". Ele foi um pouco rude, mas eu não dei muita bola.


Como você se sente ao ler outras notícias de violência policial contra negros, como o caso da Claudia Silva Ferreira, que foi arrastada no asfalto pendurada em um camburão no Rio de Janeiro? Foi um episódio horrível.

 Como sou de família militar, acho que houve despreparo dos policiais. O que a gente pode fazer é abrir os olhos e prestar atenção nas coisas que estão acontecendo todos os dias e tentar mudar isso. 

Não adianta fazer manifestação e, depois que começa o Carnaval, está tudo certo. Não adianta fazer manifestação, ter feriado de Copa do Mundo, e está tudo certo. Estamos entrando numa época em que temos a oportunidade de fazer mudanças. É importante que as pessoas tenham consciência para exercer seus direitos, fazer manifestação sem serem violentas, agressivas, e sendo objetivas. 

Fica muito vago quando as pessoas são vítimas de alguma coisa, fazem um estardalhaço na mídia e depois deixam aquilo passar. Outros casos de violência e de racismo passaram, ficaram por isso mesmo. Acho importante as pessoas pararem um pouco e observarem o quanto elas podem mudar o país, as leis, o quanto a gente pode ter um país melhor.


Você perdeu seu cabelo usando Alisabel. Como foi isso? O problema não foi o Alisabel. O problema é que eu passava Alisabel todo dia! Minha tia falava: "Para, vai cair seu cabelo, você vai ficar careca". Mas eu continuava passando todo dia, porque achava legal ficar com o cabelo liso, ir para os bailinhos. E, aí, de repente, caiu.


Quantos anos você tinha? Tinha 16, 17.

Por que você queria ter cabelo liso? Pegava mal cabelo crespo na época? Na minha turminha todo mundo tinha cabelo lisinho, eu queria ter igual, pra poder jogar o cabelo nas festinhas. Depois me arrependi de não ter meu black power.


Não tinha nada a ver com problemas de autoimagem, de querer parecer menos negro? Não era nada disso, até porque na minha turma havia pessoas de várias raças, japonês, árabe. Nunca foi por conta de ser negro que eu alisava o cabelo.


Você tinha um conjunto que fazia as coreografias do Jackson 5, né? Meus irmãos tinham um grupo, e minha turma sempre os via dançando, ensaiando. Aí a gente resolveu montar nosso grupinho e dançar também. A gente se reunia na garagem de casa e ficava fazendo as coreografias. Quando tinha as festinhas americanas, a gente saía dançando.



"Tem vários homossexuais no MMA que não se revelaram ainda"



Dizem que você é um bom dançarino. Eu já fui. Hoje em dia não mais.

Sua tia colocou você para fazer balé na infância, não foi? Poxa, que fase... No começo eu não gostava não. Foi um castigo. Nenhum amigo fazia. Eu fazendo balé? Hello? Não era muito legal. Meus amigos ficavam: "Ah, menininha, mocinha". E ainda com a minha voz fina... Sofri muito bullying.


E depois você começou a gostar do balé? Comecei a gostar, sim. Minha tia me botou também nas aulas de sapateado. Sou grato a ela porque me ajudou muito na luta. O [boxeador] Evander Holyfield fazia balé. Não tem muito a ver essa coisa, não. Você quer fazer balé, você faz balé. Quer fazer esgrima, faz esgrima. Você resolveu virar gay, vira gay, está tudo certo. Você respeitando o espaço das pessoas, elas respeitando teu espaço, está tudo certo.


No MMA tem muita discriminação contra gays? Acho que não tem preconceito, mas tem homossexuais no MMA. Tem vários que não se revelaram ainda.


Eles estão no armário porque, se saíssem, ia pegar mal nesse meio? Acho que hoje em dia é uma coisa tão boba não expressar o sentimento. Desde que você respeite o espaço das pessoas, respeite seus limites. Você tem que viver sua vida em paz e ninguém tem nada a ver com isso.


Quando entrevistei o Minotauro, há dois anos, ele disse que preferia não treinar com gay. Você treinaria? Claro, desde que me respeitassem, está tudo certo. Acho que não tem muito a ver. O fato de o cara ser gay não quer dizer que ele vai te assediar. Ele pode ser gay, ter um relacionamento, pode conviver em grupo com caras que não são gays. Ele faz o que quiser da vida particular dele.


Você é assumidamente vaidoso, metrossexual. Tiram muita onda com você na academia? Tiram. Às vezes a galera acha que eu sou gay. Várias pessoas já me perguntaram se eu sou gay. Eu respondo: "Olha, que eu saiba não. Mas eu ainda sou novo, pode ser que daqui um tempo eu descubra que eu sou gay" [risos]. Eu tomo muito cuidado com as minhas coisas, ponho todas as coisas na minha bolsa, coloco sabonete, passo um creme quando acaba o treino. A galera acha frescura. Mas é de cada um. Não quer dizer que você é mais macho ou menos macho, mais gay ou menos gay.


Você disse que sua tia Edith o orientou a lidar com o racismo. O que você fala para seus filhos sobre isso? Falo para eles não deixarem ninguém desrespeitá-los e para tomar cuidado para não desrespeitar ninguém. A vida se resume a dar para as pessoas respeito e receber de volta. Seguir por onde você resolver andar com a cabeça erguida, determinação e honra. É isso que eu passo pros meus filhos.


Eles já sofreram com o racismo? Eu acredito que não, porque teriam me falado. Nunca me falaram. Nos Estados Unidos, elas estudam em colégio público, convivem com outras crianças negras, brancas, japonesas, russas. Não têm essa proteção que tinham aqui. No Brasil, elas estudavam em colégio particular, mas nunca aconteceu nada.


Na infância, você gostava muito de quadrinhos, principalmente do Homem-Aranha, o que acabou lhe dando o apelido de Spider. E muita gente encarava você como um super-herói mesmo. Agora, com a lesão dessa última luta, você acha que estão encarando você de forma mais humana? Você virou o Peter Parker de novo? Acho que os últimos anos, as últimas lutas fizeram as pessoas entenderem isso, que sou uma pessoa comum como todas as outras, que não sou uma máquina, que eu posso falhar a qualquer momento e que estou tentando superar meus erros. Como todo brasileiro, todos os dias.


Você nunca caiu nessa de que era invencível? Nunca, jamais. Quando você pensa dessa forma, é o começo do fim.


Você reviu a luta da lesão? Eu vi uma vez, com olhos técnicos. Vi algumas coisas que eu poderia ter feito diferente.


Aquele chute você faria diferente? Hoje eu faria. Eu tentaria não fazer o chute tão isolado. Dei um chute isolado, sem colocar nenhum tipo de golpe antes. Foi falta de atenção naquele momento da minha parte.


Como você lidou com a dor? Ouvi dizer que você preferiu não se medicar para não se viciar. É verdade? O remédio que os médicos me deram pra dor era muito forte. Eu tomava o remédio, dava uns 3, 4 minutos, e a dor ia embora. Depois ela voltava. Tinha alguns momentos em que eu estava sem dor e estava tomando remédio. Eu resolvi parar, ficar com a dor e ver o que ia dar. Quando ela voltava, eu enchia a banheira de gelo e botava a perna dentro até passar. Fiz esse esforço para não viciar no remédio.



"[Depois da contusão] eu cheguei a me perguntar: 'será que vou conseguir voltar?'"



Você achou que não ia conseguir voltar? Eu cheguei a me perguntar: "Será que vou conseguir voltar?". Mas o Marcio Tanure, meu médico e do UFC, que me trata há anos, me disse: "Relaxa, isso é mais fácil que cirurgia no menisco". Aí eu fiquei mais tranquilo.


O Ronaldo, seu amigo e sócio da 9ine [que gerencia a carreira de Anderson], ajudou você nesse momento? Ele falou sobre como superou as cirurgias dele? A gente conversou bastante, ele falou da experiência que ele teve. Foi bacana, importante. Foi mais fácil lidar.


Como você está fisicamente? Fisicamente estou 100%. Minha perna, de 0 a 10, está 9. Estou me sentindo forte, treinando todos os dias.

O que falta pra perna ficar 10? Tempo. Mais alguns meses eu estou zerado. Estou fazendo a fisioterapia, já estou mais seguro, estou chutando. A única restrição é que eu não posso pular nem correr.


Como você enxerga sua carreira daqui pra frente? Eu tenho mais oito lutas no meu contrato. Estou com a cabeça boa, com o coração bom. Tô com muita vontade de continuar. Mas as coisas vão surgir com o tempo: os medos, as frustrações, a vontade, a falta de vontade de lutar. Por enquanto, eu estou bem, estou com vontade de continuar fazendo o que eu faço e não tenho mais nada para provar pra ninguém. É ir lá e fazer o que eu amo, independentemente do resultado.


A volta é para 2015? É. Este ano não.

Estão começando a falar de lutas com nomes como o [boxeador] Roy Jones Jr. Faz sentido? Muito. Agora o Roy Jones é o maior objetivo na minha carreira. É um sonho pessoal que eu tenho. Ele foi o melhor boxeador na época dele. Eu gostaria de ter essa oportunidade de fazer uma luta de boxe com ele, nas regras do boxe, fora do contrato com o UFC. Ele já se pronunciou e acha que seria fantástico.

Esse contrato de oito lutas com o UFC pode ser quebrado? Pode. Eu posso parar na hora que eu resolver parar. O tempo vai dizer. As oportunidades vão aparecendo, as limitações.


O Jon Jones deu uma declaração forte por esses dias, dizendo que você deveria se aposentar, fazer palestra, seminários. Como bate esse tipo de declaração? Cada um tem sua opinião. Minha mulher e meus filhos também acham que eu tenho que me aposentar. Lá em casa tem um pé de "acho" que nunca dá nada. Ninguém pode falar para você o que fazer dentro daquilo que você ama. Você é que tem que saber do seu limite e da sua hora de parar.


E, no caso do Minotauro, você acha que ele deveria se aposentar? O Rodrigo [Minotauro] é um cara que tem uma história dentro desse esporte e só ele pode dizer a hora de parar. Ninguém pode dizer. Eu não acho que seja um bom momento para ele parar, ou para qualquer pessoa parar, quando não sente isso dentro do coração. A gente conversa muito sobre isso, eu, Rodrigo, o Rogério [Minotouro]. É uma coisa que tem que surgir de cada um. Eu fiz minha história, estou caminhando, estou correndo atrás. Ninguém pode dizer para mim que é hora de eu parar. O Dana White não pode me aposentar, ele não tem esse direito. Ele pode cuidar do negócio dele, das coisas dele. Quem sabe quando e como parar é o atleta.


Uma geração de ídolos do UFC está perto do final da carreira. Você, o Georges St. Pierre, o Minotauro. Vai ser um baque pro UFC quando vocês pararem? Não houve uma renovação, não houve um trabalho de base com novos atletas. Os novos talentos já apareceram famosos. Assim fica difícil ver alguém que vá fazer algo diferente lá dentro. Tudo que está aparecendo hoje no UFC é normal, ninguém vai assistir a um cara porque acha que ele vai fazer algo diferente. As pessoas lutam com a regra, mostram que estão ali para fazer o trabalho delas, não demonstram um talento acima da média. É a evolução do esporte, é um negócio. Na minha época era uma coisa. Com as novas gerações é diferente.


Você se destacou pelo seu talento, mas também pelas polêmicas. Muita gente reclama das suas provocações, das brincadeiras no octógono, de lutar de guarda baixa. Hoje você faria diferente? Para mim, entrar no octógono, lutar e fazer o que eu faço é uma diversão. Tem que assumir o risco e entender que aquilo é seu jeito, você tem que estar feliz com o que está fazendo. Eu sempre fiz tudo com muita tranquilidade, com verdade. Não fazia para acharem que era melhor que meu adversário. 

Fazia porque eu gostava. Quando comecei a lutar, nunca tive pretensão de chegar ao UFC. Eu treinei para ser tão bom ou até melhor que meus professores, para ser melhor que eu mesmo no dia anterior. Acho que esse foi o caminho do meu sucesso dentro do octógono. As oportunidades foram aparecendo, nunca desafiei ninguém, nunca fiz menção de que queria lutar com esse ou aquele. Deus me deu aquilo que ele achava que era meu de direito.


Eu achava que era um jogo mental para desestabilizar o adversário... Era uma coisa que eu via nos meus ídolos, no Bruce Lee, no Muhammad Ali, até mesmo no Roy Jones Jr. Mas nunca fiz isso para me vangloriar sobre meus adversários ou para criar uma barreira psicológica. Fazia porque gostava, porque achava legal, porque me divertia. Sempre entro ali pensando na minha diversão. Esqueço meus fãs, esqueço as pessoas que estão à minha volta e tento fazer o que eu treinei, com respeito aos meus fãs, ao meu país. Mas eu não luto pelos meus fãs, eu luto por mim, eu luto porque eu amo lutar. Depois vêm as outras coisas, vêm os fãs, a fama, o dinheiro.


Como você vê o Anderson daqui a 20 anos? Um velho chato, enchendo o saco dos meus filhos, talvez brigando muito com meus netos. Não, tô brincando. Me vejo feliz, com meus filhos bem-criados, formados, cada um trilhando com sucesso o caminho que decidiu trilhar. E vivendo minha vida em paz, com dignidade.


O jornalista Eduardo Ohata, que ajudou você a escrever sua biografia, disse que sempre o viu mais como um professor do que como um lutador. Ele está certo? Está sim. Acredito que sou melhor professor do que lutador. Ainda tenho meus alunos, sei exatamente a forma de conduzir alguns treinos. Sei lidar muito mais com a coisa de ensinar do que com a coisa de lutar. Eu tenho dificuldade de relacionamento com os treinadores de uns anos para cá porque tem coisas que eu percebo que não vão funcionar e que eu acho que não devem ser treinadas.


Quando você decidir que é hora de parar, a ideia é que você seja um professor? Não sei se vou ter tempo de continuar fazendo isso depois de me aposentar. Eu gosto de ensinar, eu ensino meus filhos, apesar de nenhum querer ser lutador. Mas eu não sei se teria tempo para dar aula todos os dias. Minha vida mudou muito.


Como está o plano de fazer cinema? Tá bacana. Fiz uma participação no filme brasileiro Até que a sorte nos separe 2, ao lado do Leandro Hassum. Acabei de filmar o Tapped com o Lyoto Machida, sobre o mundo do MMA. Estou recebendo alguns roteiros, estudando qual vai ser melhor fazer. Acabei de assinar contrato com a ICM, terceira maior agência de atores em Hollywood. No Brasil, eu tenho aulas com o Luiz Mario, preparador de atores, com ajuda do Johnny Araujo, que é um excelente diretor. E, quando estou em Los Angeles, também tenho aula de acting.


O Steven Seagal deu uns toques a você sobre luta. Ele também está ajudando na atuação? O Steven Seagal é um amigo distante, que aparece quando pode. Numa época ele esteve mais perto, porque estava tranquilo no trabalho. Deu uns toques sobre treino, sobre luta. Mas, como ator, ainda não deu nenhuma dica.


Quando você parar de lutar, vai deixar inimigos no UFC? Espero que não. Eu não tenho inimigos dentro do UFC. Respeito todos os funcionários como parte da minha família. Quando parar, deixo uma história bonita e um legado. Há uma grande chance das novas gerações do UFC olharem para trás e falarem: "Eu tenho esse cara como exemplo. Ele fez a diferença".

Revista Trip

De fev/2013 a jan/2014 o AP apresentou o maior índice de crescimento no comércio varejista

O expressivo crescimento de 8,5% nas vendas do comércio varejista do país em fevereiro deste ano, comparativamente a fevereiro do ano passado, reflete aumento no volume de vendas em todas as 27 unidades da Federação. O destaque, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou com Alagoas, onde o crescimento das vendas chegou a 18,1%; seguido do Tocantins (16,3%); Maranhão (15,9%); da Bahia (15,7%); e do Acre (15,6%).

No que diz respeito à contribuição para a taxa global, no entanto, a maior influência foi exercida pelo comércio varejista de São Paulo, apesar de a expansão do estado ter sido bem menor (8,5%), vindo em seguida Bahia, Minas Gerais (com crescimento de 7,0%), Rio de Janeiro (5,1%) e Rio Grande do Sul (8,7%). Os resultados com ajuste sazonal (de fevereiro comparado a janeiro deste ano), tiveram alta de 0,2%, mas houve crescimento nas vendas do comércio em apenas 16 dos 27 estados, com as maiores variações positivas ficando com o Amapá (3,8%), seguido do Pará (2,4%), de Mato Grosso (2,1%), do Ceará (1,8%) e de Alagoas (1,5%).

Já as maiores quedas foram registradas no Amazonas (-4,0%); na Paraíba (-2,7%); no Espírito Santo (-2,0%) e no Rio de Janeiro (-1,8%).
O resultado mensal ficou em linha com a expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, enquanto a alta anual ficou um pouco acima da mediana de 8,10%. Segundo o IBGE, apenas três das oito atividades pesquisadas no varejo restrito mostraram alta na comparação mensal, com destaque para Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (9,0%) e Combustíveis e lubrificantes (1,6%).
Na outra ponta, outras três atividades registraram queda, entre elas 

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%). O restante registrou estabilidade nas vendas. O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo registrou avanço de 0,2% em fevereiro sobre janeiro e alta de 13,9% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, registrou queda de 1,6% em fevereiro na comparação mensal, após ter subido 2,8% em janeiro. O comércio varejista brasileiro vem convivendo com cenário de juros e inflação elevados, o que acaba afetando o consumo de forma geral por encarecer as operações de crédito.

Esse cenário afetou a confiança do consumidor no início do ano. Apesar de ter registrado ligeira melhora em março ao interromper três meses de queda, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), ela ainda mostra desânimo em relação ao futuro.

A expectativa geral é de que a economia brasileira, no geral, desacelere o ritmo de expansão neste ano. Após o Produto Interno Bruto (PIB) ter avançado 2,3% em 2013, pesquisa Focus do Banco Central aponta que a expectativa dos economistas consultados é de expansão de 1,65% em 2014.
Confiança
O índice de confiança dos paulistanos em relação ao cenário atual e às perspectivas de desempenho da economia brasileira nos próximos meses caiu 4,4% em abril, em relação ao mês anterior. A confiança recuou para 120,2 pontos, em uma escala que varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).

Os dados foram divulgados hoje (15) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Na comparação com abril de 2013, houve recuo de 22,7%. Na época, o índice alcançou 155,6 pontos.

A queda do indicador foi verificada em todas os segmentos (renda, gênero e faixa etária). Na comparação mensal, destacaram-se os grupos de pessoas que ganham a partir de dez salários mínimos (- 8,5%), mulheres (- 6,3%) e pessoas com 35 anos ou mais (- 7,6%). Os mesmos grupos tiveram as maiores quedas na comparação anual: renda de dez salários mínimos ou mais (-25%), mulheres (-24,6%) e idade a partir de 35 anos (24,5%).

O Índice das Condições Econômicas Atuais (Icea) ficou em 126,9 pontos em abril, ou seja, 4,1% menor que os 132,4 pontos de março. Já o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), que projeta a perspectiva futura, chegou aos 115,8 pontos em abril, um recuo de 4,6% diante dos 121,4 pontos do mês anterior.

Os economistas da Fecomercio acreditam que houve aumento do desânimo e descrédito da população com o andamento da atividade econômica. "Seria motivo para isso a ampliação sistemática nas variações dos índices de preços ao consumidor, sobretudo relacionados a bens de consumo, como os produtos alimentícios. Também contribui para uma menor confiança dos consumidores a contenção do crédito promovida por prazos de pagamento mais curtos e taxas de juros mais elevadas", informa nota da instituição.
 
Correio do Brasil


Pesquisa mostra que setor industrial representa aproximadamente 12% do PIB do Amapá

  Para marcar o Dia da Indústria, celebrado nesta terça-feira, 25 de maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou pesquisa qu...